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Baião: Acervo da Fundação Eça de Queiroz foi enriquecido com a integração da maior biblioteca queirosiana

A Fundação Eça de Queiroz em Baião, conta agora com um novo espólio queirosiano, reunido pelo colecionador Luís Santos Ferros, que faleceu no ano passado, os 81 anos. O núcleo Luís Santos Ferro passa a estar incluído na visita à Fundação Eça de Queiroz e está aberto a estudiosos e interessados na obra queirosiana que queiram consultar documentos, depois de ter sido inaugurado no passado dia 12 de julho.

Em representação da família, o primo e homónimo Luís Santos Ferro explicou na cerimónia que “a maneira de realmente valorizar o espólio era mantê-lo unido e disponibilizá-lo à investigação e a quem quiser aprofundar aspetos da vida e obra de Eça de Queiroz”. A escolha da Fundação deveu-se ao facto de “fazer mais sentido, pela sua própria natureza, mas também porque havia uma relação de proximidade ao longo da vida do meu primo e da Fundação”.

O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, primo de Luís Santos Ferro, manifestou-se satisfeito pelo destino do acervo, afirmando que “é um espólio magnífico e muito rico e embora haja cinco herdeiros, todos foram unânimes em considerar que a Fundação era o destino ideal. E, portanto, é com uma grande emoção e uma grande satisfação que estou aqui, e agradecendo também à Câmara Municipal de Baião e à Fundação Eça de Queiroz o papel muito importante que tiveram para que este dia fosse possível”.

Afonso Eça de Queiroz Cabral, presidente do Conselho de Administração da Fundação, agradeceu a confiança da família. “É um grande dia para a Fundação, que fica mais enriquecida e pode assim cumprir melhor a sua obrigação estatutária que é perpetuar a memória do escritor e a sua obra”. O Presidente da Câmara Municipal de Baião, Paulo Pereira, em representação do Município, referiu que o acervo de Luís Santos Ferro permitirá “novas leituras da obra de Eça de Queiroz, assim como conhecer o homempor detrás da obra em toda a sua dimensão. Contribuirá para divulgar o génio literário, o humanista e também a dimensão privada de Eça de Queiroz”.

O autarca baionense afirmou que é “responsabilidade do Município envolver-se como parceiro da Fundação na garantia da sua sustentabilidade e na promoção do seu objeto científico e cultural, sendo que o seu desempenho e sucesso afirmam Baião pela positiva”.

O Núcleo Luís Santos Ferro contém todas as publicações em vida de Eça de Queiroz, além de manuscritos, revistas, estudos académicos, opúsculos, traduções, curiosidades bibliográficas, fotografias, documentos e objetos artísticos. Trata-se de um rico acervo distribuído por 35 metros lineares em mais de mil entradas bibliográficas, não contando com os periódicos e demais monografias e recortes.

 

Sobre Luís Santos Ferro

Era engenheiro de formação, mas a paixão pela cultura fazia dele presença assídua no Grémio Literário de Lisboa, tendo integrado o Conselho Literário desde 1995 até à sua morte. Visitou a Casa de Tormes pela primeira vez em 1961 e todos os anos regressava a Santa Cruz do Douro. Manteve contacto regulares com a filha do escritor, Maria Eça de Queiroz de Castro e mais tarde com Maria da Graça Salema de Castro e acompanhou de perto o projeto de criação da Fundação Eça de Queiroz.

A paixão pelo universo queirosiano fez com que ao longo da vida fosse reunindo um espólio riquíssimo. Trata-se de um acervo com mais de mil entradas bibliográficas, que Luís Santos Ferro idealizou como um todo e que reflete o projeto de uma vida. Na altura do seu falecimento, em janeiro de 2020, a família achou que não devia dividir o espólio, tendo optado pela doação à Fundação Eça de Queiroz em Santa Cruz do Douro.