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A Biblioteca Municipal de Penafiel foi palco da apresentação de um livro sobre o escritor Joaquim Araújo

No passado dia 20 de maio foi apresentado na Biblioteca Municipal de Penafiel o livro “Correspondência entre Joaquim de Araújo e os irmãos Ernesto e José do Canto: sobre historiografia açoriana e bibliografia camoniana”, da autoria do penafidelense Virgílio Vieira, investigador do Centro de Biologia, Evolução e Alterações Climáticas da Universidade dos Açores, e apresentado por Maria Amélia Maia, professora de português e doutoranda na FLUC, precisamente com uma tese sobre Joaquim de Araújo.

O evento contou ainda com a colaboração musical da Academia de Música de Castelo de Paiva, através dos alunos Gabriel Francisco ao piano e Gonçalo Lopes na guitarra.

O livro “Correspondência entre Joaquim de Araújo e os irmãos Ernesto e José do Canto” retrata dados importantes da vida e obra de Joaquim Araújo. Este teve um relacionamento privilegiado com diversas personalidades açorianas de renome, como Antero de Quental, Teófilo Braga ou Alice Moderno. A obra mostra a correspondência de Joaquim de Araújo com os irmãos José e Ernesto do Canto, personalidades de grande destaque na cultura do séc. XIX e na fundação da moderna historiografia açoriana, trazendo novos e importantes elementos que permitem uma visão mais clara e precisa da dinâmica cultural e literária dos finais do século XIX em Portugal. Segundo a autarquia penafidelense, trata-se de uma “obra fundamental para os estudos camonianos e estudos literários da época, reúne documentação, alguma da qual inédita, pertencente aos fundos da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, da Biblioteca, Arquivo e Museu da Universidade dos Açores, e ainda da Biblioteca Nazionale Marciana de Veneza.”

Joaquim de Araújo, figura de relevo nacional no panorama cultural Oitocentista, nasceu em Penafiel em 1858, no n.º 42 da atual Praça Municipal, e mudou-se para o Porto em 1870. Seu pai, o advogado António Joaquim de Araújo, foi o fundador, com Germano Vieira de Meireles e Rodrigo Teles de Menezes, de um dos mais conceituados jornais penafidelenses, “O Século XIX”, entre outros, e era amigo de personalidades de vulto, como Antero de Quental, com quem Joaquim de Araújo privou desde criança.

Com apenas 15 anos, Joaquim de Araújo fundou o seu próprio jornal, “A Harpa”, para o qual conseguiu a colaboração de artigos de Cândido de Figueiredo, Simão Rodrigues Ferreira, Antero de Quental ou Teófilo Braga, entre muitos outros. Segue-se em 1878 a sua segunda publicação, “A Renascença”, com congrega colaboradores como João de Deus, Alexandre Herculano, João Penha, Oliveira Martins ou Guerra Junqueiro.

Joaquim de Araújo apresentou mais obras, para além da sua poesia, tendo o seu primeiro livro de versos, intitulado “A Lira Íntima”, recebido rasgados elogios por parte de Cândido de Figueiredo. Joaquim de Araújo frequenta em Lisboa o Curso Superior de Letras, tendo sido aluno de Teófilo Braga, e em 1895 vai para Génova como Cônsul de Portugal, cargo que desempenharia até 1913.

É neste período, e no âmbito das suas relações diplomáticas e pessoais no círculo cultural nacional e internacional, que procura desenvolver e promover a cultura portuguesa além-fronteiras, dando a conhecer nomes como Camões, Eça de Queirós, Antero de Quental, Almeida Garrett, Júlio Dinis, entre outros, que ficaram conhecidos na Europa e foram traduzidos em diversas línguas.

Joaquim de Araújo regressa a Portugal a 30 de abril de 1917, já muito debilitado, e vem a falecer a 11 de maio, em Sintra. No seu testamento manifesta o desejo de ser enterrado em Penafiel e que as suas obras literárias sejam doadas à Academia Real das Ciências, o que não se concretizou, encontrando-se até hoje grande parte do seu espólio na Biblioteca Nazionale Marciana, em Veneza.